Novo Arkhangelsk

1. Novo Arkhangelsk

Introdução

Novo Arkhangelsk (em russo: Новый Архангельск, Novyy Arkhangelsk), também conhecida como Sitka, foi a principal base da Rússia Imperial na América do Norte entre 1799 e 1867. Localizada na Ilha de Sitka, no atual Alasca, a colônia desempenhou um papel crucial na exploração e no comércio de peles na região, especialmente a pele de lontra-marinha, altamente valorizada no mercado chinês. A história de Novo Arkhangelsk é uma fascinante combinação de exploração, comércio, conflitos com povos indígenas, e, eventualmente, a venda do Alasca para os Estados Unidos da América. Este artigo detalha a história, a economia, a sociedade, os conflitos e o legado desta colônia russa, com o objetivo de fornecer uma compreensão abrangente para iniciantes no tema.

Antecedentes e Fundação

A presença russa na América do Norte começou com a expedição de Vitús Bering em 1741. Bering, um navegador dinamarquês a serviço da Marinha Imperial Russa, explorou o Estreito de Bering e a costa do Alasca, estabelecendo as bases para futuras expedições de caçadores de peles. No entanto, a exploração em larga escala só começou no final do século XVIII, com a formação da Companhia Russo-Americana (em russo: Российско-Американская Компания, Rossiysko-Amerikanskaya Kompaniya) em 1799.

A Companhia Russo-Americana, com um monopólio sobre o comércio de peles na América do Norte Russa, buscava um local mais adequado para sua sede principal. A antiga base em Três Santos, na Ilha Kodiak, era vulnerável a ataques e com recursos limitados. Em 1804, Aleksandr Baranov, o administrador chefe da Companhia, liderou uma expedição para Sitka, que os nativos Tlingit chamavam de *Sheet’ká*. Baranov reconheceu o potencial estratégico e econômico da região, com sua baía protegida, abundância de recursos naturais e posição central na costa do Alasca.

A fundação de Novo Arkhangelsk não foi pacífica. A chegada dos russos e seus aliados nativos Aleutas provocou conflitos com os Tlingit, que defendiam seu território e modo de vida. A Batalha de Sitka em 1804 foi um confronto sangrento que resultou na vitória russa, mas a um alto custo. Os russos construíram uma fortaleza, um armazém, uma igreja ortodoxa russa e outras estruturas, transformando Sitka em um importante centro comercial e administrativo.

Economia e Comércio

A economia de Novo Arkhangelsk era centrada no comércio de peles, principalmente a pele de lontra-marinha. A demanda por essa pele era enorme na China, onde era usada para confeccionar roupas de luxo para a elite. A Companhia Russo-Americana estabeleceu rotas comerciais complexas, envolvendo a troca de peles por mercadorias chinesas, como seda, chá e porcelana.

A cadeia de suprimentos era longa e dispendiosa. As peles eram coletadas por caçadores russos, nativos Aleutas e outros povos indígenas, que eram frequentemente empregados pela Companhia. As peles eram então transportadas para Novo Arkhangelsk, onde eram armazenadas e preparadas para o transporte marítimo para a China. As mercadorias chinesas eram então trazidas de volta para Novo Arkhangelsk e trocadas por mais peles ou vendidas para outros comerciantes.

Além do comércio de peles, Novo Arkhangelsk também desenvolveu outras atividades econômicas, como a pesca, a agricultura em pequena escala e a construção naval. A Companhia Russo-Americana estabeleceu estaleiros para construir navios para o comércio e a exploração. A colônia também se tornou um importante ponto de reabastecimento para navios que navegavam no Oceano Pacífico.

Sociedade e Cultura

A sociedade de Novo Arkhangelsk era hierárquica e estratificada. No topo da hierarquia estavam os administradores da Companhia Russo-Americana, seguidos pelos comerciantes, oficiais militares e missionários ortodoxos russos. Abaixo deles estavam os caçadores de peles russos, os trabalhadores e os nativos empregados pela Companhia.

A população de Novo Arkhangelsk era diversificada, composta por russos, Aleutas, Tlingit e outros povos indígenas. A Companhia Russo-Americana praticava a cristianização dos nativos, com a construção de igrejas ortodoxas e a promoção da educação religiosa. No entanto, a relação entre os russos e os nativos era frequentemente tensa, marcada por conflitos, exploração e desigualdade.

A cultura de Novo Arkhangelsk era uma mistura de influências russas e nativas. A arquitetura da colônia refletia o estilo russo, com edifícios de madeira construídos de acordo com os padrões russos. A igreja ortodoxa russa era um importante centro cultural e religioso, onde eram celebrados serviços religiosos e realizados eventos sociais. A culinária da colônia também era uma fusão de sabores russos e nativos, com pratos à base de peixe, carne de foca e outros ingredientes locais.

Conflitos e Desafios

Novo Arkhangelsk enfrentou uma série de conflitos e desafios ao longo de sua história. Os conflitos com os povos indígenas, especialmente os Tlingit, eram frequentes, devido à disputa por terras, recursos e poder. A Companhia Russo-Americana recorria frequentemente à força para suprimir a resistência nativa, resultando em violência e sofrimento.

Além dos conflitos com os nativos, Novo Arkhangelsk também enfrentou desafios econômicos e logísticos. A cadeia de suprimentos era longa e dispendiosa, tornando o comércio de peles lucrativo apenas em momentos de alta demanda. A Companhia Russo-Americana também enfrentava a concorrência de outros comerciantes, como os ingleses e os americanos.

Outro desafio importante era a distância e o isolamento da colônia. Novo Arkhangelsk estava localizada a milhares de quilômetros da Rússia, tornando a comunicação e o reabastecimento difíceis e demorados. A falta de infraestrutura e recursos também dificultava o desenvolvimento da colônia.

A Venda do Alasca e o Fim de Novo Arkhangelsk

No século XIX, a Rússia enfrentava dificuldades financeiras e políticas. A Guerra da Crimeia (1853-1856) expôs a fraqueza do Império Russo e a necessidade de fortalecer suas finanças. Além disso, a Rússia temia que o Alasca pudesse ser conquistado pelos britânicos ou pelos americanos em caso de guerra.

Em 1867, o Ministério das Finanças russo propôs a venda do Alasca para os Estados Unidos. O Secretário de Estado americano William Seward estava interessado em adquirir o Alasca, acreditando que ele tinha um grande potencial econômico e estratégico. Após negociações, o Tratado de Seward foi assinado em 30 de março de 1867, pelo qual a Rússia cedeu o Alasca para os Estados Unidos por 7,2 milhões de dólares.

A venda do Alasca marcou o fim de Novo Arkhangelsk como uma colônia russa. A Companhia Russo-Americana foi dissolvida e seus ativos foram transferidos para os Estados Unidos. A maioria dos russos que viviam em Novo Arkhangelsk retornou à Rússia, enquanto alguns permaneceram e se integraram à sociedade americana

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