Imunoterapia Alérgica

Imunoterapia Alérgica

A Imunoterapia Alérgica, também conhecida como dessensibilização, é um tratamento médico que visa reduzir a sensibilidade de um indivíduo a um alérgeno específico. Ao contrário de medicamentos que apenas aliviam os sintomas alérgicos, a imunoterapia alérgica busca modificar a resposta do sistema imunológico, tornando-o menos reativo ao alérgeno. Este artigo tem como objetivo fornecer uma visão abrangente da imunoterapia alérgica para iniciantes, abordando seus princípios, indicações, tipos, processo, riscos e benefícios.

Princípios da Imunoterapia Alérgica

A base da imunoterapia alérgica reside na ideia de que a exposição controlada e gradual a um alérgeno pode induzir uma tolerância imunológica. Em indivíduos alérgicos, o sistema imunológico identifica erroneamente substâncias inofensivas, como pólen, ácaros, veneno de insetos ou certos alimentos, como ameaças. Essa identificação errônea desencadeia uma resposta imunológica exagerada, resultando em sintomas alérgicos.

A imunoterapia alérgica funciona através de vários mecanismos:

**Modificação da Produção de Anticorpos:** A imunoterapia alérgica estimula o corpo a produzir anticorpos bloqueadores, especificamente IgG4, que competem com as IgE (anticorpos responsáveis pelas reações alérgicas) na ligação com o alérgeno. Isso reduz a quantidade de alérgeno disponível para desencadear a liberação de mediadores inflamatórios.
**Redução da Ativação de Células Imunológicas:** A imunoterapia alérgica pode diminuir a atividade de células imunológicas como mastócitos e basófilos, que desempenham um papel central na liberação de histamina e outros mediadores inflamatórios durante uma reação alérgica.
**Desvio da Resposta Imunológica:** A terapia pode promover um desvio da resposta imunológica de um perfil Th2 (associado a alergias) para um perfil Th1, que geralmente é mais eficaz na resolução de infecções.
**Aumento da Tolerância:** Ao longo do tempo, a exposição repetida ao alérgeno em doses crescentes leva a um aumento da tolerância, diminuindo a gravidade dos sintomas alérgicos.

Indicações da Imunoterapia Alérgica

A imunoterapia alérgica é mais eficaz para o tratamento de alergias mediadas por IgE, ou seja, alergias em que os anticorpos IgE desempenham um papel central. As principais indicações incluem:

**Rinite Alérgica:** A imunoterapia alérgica é frequentemente utilizada para tratar a rinite alérgica, tanto sazonal (causada por pólen) quanto perene (causada por ácaros, pelos de animais, etc.).
**Asma Alérgica:** Em pacientes com asma alérgica, a imunoterapia alérgica pode reduzir a frequência e a gravidade das crises, além de diminuir a necessidade de medicamentos.
**Dermatite Atópica (Eczema):** A imunoterapia alérgica pode ser benéfica para pacientes com dermatite atópica causada por alérgenos específicos.
**Reações a Picadas de Insetos:** A imunoterapia com veneno de insetos (abelhas, vespas, marimbondos) é altamente eficaz na prevenção de reações sistêmicas graves a picadas.
**Alergias a Animais:** Embora menos comum, a imunoterapia pode ser considerada para alergias a pelos de animais.

É importante notar que a imunoterapia alérgica não é uma cura para a alergia, mas sim um tratamento que visa controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Tipos de Imunoterapia Alérgica

Existem duas formas principais de imunoterapia alérgica:

**Injeções Subcutâneas de Imunoterapia (SCIT):** Este é o método tradicional e mais amplamente utilizado. Consiste na administração regular de injeções contendo doses crescentes do alérgeno sob a pele. O esquema de tratamento geralmente dura de 3 a 5 anos.
**Imunoterapia Sublingual (SLIT):** Este método envolve a administração de comprimidos ou gotas contendo o alérgeno sob a língua. A SLIT é geralmente utilizada para tratar rinite alérgica causada por pólen de gramíneas, árvores ou ácaros. É uma opção mais conveniente do que as injeções, pois pode ser administrada em casa.

A escolha entre SCIT e SLIT depende de vários fatores, incluindo o tipo de alérgeno, a gravidade dos sintomas, a idade do paciente e a preferência do médico.

O Processo de Imunoterapia Alérgica

O processo de imunoterapia alérgica envolve duas fases principais:

**Fase de Indução:** Nesta fase inicial, as doses do alérgeno são aumentadas gradualmente para estimular o sistema imunológico. As injeções ou comprimidos sublinguais são administrados em intervalos frequentes (geralmente semanais ou quinzenais).
**Fase de Manutenção:** Após atingir a dose de manutenção, as injeções ou comprimidos sublinguais são administrados em intervalos menos frequentes (geralmente a cada 4 semanas ou mensalmente). Esta fase visa manter a tolerância imunológica e prevenir o retorno dos sintomas.

O tratamento é supervisionado por um alergista, que monitora a resposta do paciente e ajusta a dose do alérgeno conforme necessário. É fundamental seguir rigorosamente as orientações do médico e comparecer a todas as consultas de acompanhamento.

Riscos e Efeitos Colaterais da Imunoterapia Alérgica

Embora a imunoterapia alérgica seja geralmente segura, existem alguns riscos e efeitos colaterais potenciais:

**Reações Locais:** As reações locais são comuns e geralmente leves, incluindo vermelhidão, inchaço e coceira no local da injeção.
**Reações Sistêmicas:** Reações sistêmicas, como urticária, angioedema (inchaço dos lábios, língua ou garganta), dificuldade para respirar e choque anafilático, são raras, mas podem ser graves. É por isso que as injeções de imunoterapia alérgica devem ser administradas em um ambiente médico equipado para lidar com emergências.
**Efeitos Colaterais da SLIT:** A SLIT geralmente causa menos efeitos colaterais do que a SCIT. Os efeitos colaterais mais comuns incluem coceira na boca, inchaço da língua e desconforto gastrointestinal.

O risco de reações graves é minimizado através da administração gradual do alérgeno e da monitorização cuidadosa do paciente.

Benefícios da Imunoterapia Alérgica

A imunoterapia alérgica pode proporcionar uma série de benefícios para pacientes com alergias:

**Redução dos Sintomas:** A imunoterapia alérgica pode reduzir significativamente a gravidade dos sintomas alérgicos, como espirros, coriza, coceira nos olhos, falta de ar e erupções cutâneas.
**Diminuição da Necessidade de Medicamentos:** Ao longo do tempo, a imunoterapia alérgica pode diminuir a necessidade de medicamentos para controlar os sintomas alérgicos.
**Melhora da Qualidade de Vida:** Ao reduzir os sintomas e a dependência de medicamentos, a imunoterapia alérgica pode melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
**Prevenção do Desenvolvimento de Novas Alergias:** Em alguns casos, a imunoterapia alérgica pode ajudar a prevenir o desenvolvimento de novas alergias.
**Remissão a Longo Prazo:** Em alguns pacientes, a imunoterapia alérgica pode levar à remissão a longo prazo dos sintomas alérgicos, mesmo após a interrupção do tratamento.